segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Jeremy Clarkson e o Porsche 911

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Como deve saber, eu sempre adorei o Porsche 911, da mesma maneira que sempre adorei Peter Mandelson, aftas, a Grécia, marzipã, férias em trailers, leis anti-fumo, a British Telecom, gadgets inutilmente complicadas, chá antes das quatro da tarde, Piers Morgan, vinho branco doce, vadios, liberais democratas, barbas, o Boeing 777, cientistas que estudam o aquecimento global, radares de velocidade média e, acho que nunca havia mencionado isto antes, tocar em vacas.



Em outras palavras, eu sempre detestei o 911. Jocosamente, e para fazê-los sumirem, sempre digo aos fãs dele que minha antipatia é baseada principalmente no fato de que James May e Richard Hammond têm 911. Mas não é verdade. James e Richard têm calças, mas não tenho problemas com elas.


Também argumentei que minha antipatia vem do fato que é um Fusca achatado e como resultado, foi projetado por Hitler. Mas nem isto é verdade, para ser honesto.


Então, será que é o estilo, o visual da coisa? Na verdade, não. Se ver as recentes iniciativas com o "Coxster", o Boxster "puxempurra" - que deveria ser chamado de Palíndromo - a deplorável Cayenne e aquela gárgula sobre rodas conhecida como Panamera, temos que ser gratos por eles nunca mudarem seu formato básico. Mas sabe, até que gosto do pára-brisa que nunca muda e daqueles faróis que parecem olhos de um West Highland terrier.


Mas o que passei a gostar mesmo foi do seu tamanho. Enquanto outros carros incharam e ficaram gordos, o 911 sempre se manteve relativamente pequeno. Isso é bom.


Sim, colocando o motor atrás significa que terá mais peso nas rodas traseiras numa largada, quando a traseira de um carro abaixa, dando mais aderência, evitando que as rodas destracionem demais e uma aceleração mais rápida. Muito bom. Você chegará na curva à frente do seu adversário... mas e aí? Você virará o volante, não terá peso algum nas rodas dianteiras, você irá sair de frente, e irá tirar o pé do acelerador para corrigir isso, a frente irá abaixar, os pneus traseiros perderão aderência e qualquer tentativa de corrigir a derrapada resultante será inútil porque o motor na traseira irá atuar como um pêndulo gigante.


Se estiver num dos primeiros 911 e uma curva estiver se aproximando, a melhor coisa que pode fazer é seguir estes dois passos:


1) Solte o cinto de segurança


2) Pule para o banco traseiro


Não lembro qual modelo de 911 que dirigi pela primeira vez, mas eu ouvi tantas histórias horripilantes sobre a dirigibilidade rebelde que não ousei andar a mais do que 6 km/h. Isso significava que tinha mais tempo para examinar o painel ridiculamente básico, e os controles do aquecedor que pareciam estar conectados a coisa nenhuma.


A primeira vez que dirigi um 911 numa pista de corrida foi extraordinária. Como eu era um novato na época e não fazia idéia de como evitar que um Cortina derrapasse, eu estava petrificado. Achava que seria mais seguro tentar cravar uma volta com um urso.


Com o passar dos anos, eu dirigi muitos 911 diferentes e nunca tive um momento de preocupação em nenhum deles. Mas isso porque eu sabia o que aconteceria se me aproximasse do limite, e consequentemente, ficava bem longe dele. Da mesma maneira que sua mãe sempre fica bem longe de um abismo.


No entanto, tinha outra desvantagem ao dirigir um 911 na época. Você chegava ao seu destino coberto com uma película grossa do defluxo de outras pessoas. Eram os anos 1980. A senhora Thatcher estava ocupada, as fábricas fechavam, os garotos da cidade gastaram todo o lucro da BT num 911 e todos achavam que, se você tinha um, você era o responsável pelo fechamento da mina dos pais deles. Então, eles buscavam bem do fundo do âmago deles e cuspiam em você. E normalmente me atingiam porque eu dirigia muito devagar.


Eventualmente, e graças ao bondoso incentivo de Tiff Needell, aprendi a como fazer um carro derrapar sem perder o controle. Mas mesmo depois de anos fazendo isso toda semana, eu ainda não ousei tentar fazer isso com um 911. Eu acertaria um câmera. Ou uma árvore. Era melhor dizer que não gostava dele e ir dirigir outra coisa.


Mas então, o dia chegou... E foi fácil.


Foi brilhante. Como não me sentia mais intimidado pelos 911, podia começar a guiá-los rápido, o que significava que não seria atingido pela chuva de catarro tão facilmente. Mas apesar desta vantagem, ainda não gostava do interior, o aquecedor ainda não funcionava, e os carros que andavam bem na pista, eram horríveis na estrada.


Além disso, a esta altura, a Porsche havia começado a criar uma quantidade quase inacreditável de variações. Tinha o Carrera, o Carrera S, o Carrera com tração integral, ou conversível, ou com pára-lamas largos ou uma combinação dos três. Eu achava que todos eram projetados para deixar os donos de Porsche ainda mais chatos.


No começo de 2010, então, eu admirava o visual dos carros, e o tamanho que eles alcançaram. Também admirava como a maioria deles andava, mas gostar deles? Não. Meu preconceito estava sedimentado demais para isso.


Mas então, apareceu o novo GT3 enão irei explicar como ou porquê, mas eu adorei ele. Não gostei. Eu adorei. Tinha um estúpido splitter frontal tão baixo que poderia cortar o cabelo de uma aranha, andaimes no lugar de bancos traseiros e uma ridícula asa traseira que obviamente poderia ser ajustável. Não. Não. Não. Ter uma asa traseira que obviamente poderia ser ajustável significa que alguém, um dia, irá perguntar o porquê disso. E então, você terá que explicar. E essa pessoa achará que você é louco.


No entanto, apesar das deficiências estéticas, e o fato de ser um 911, este é um ótimo carro. Ele passa por rotatórias como nada que já tenha dirigido. Em um teste de pura dirigibilidade e aderência, ele seria páreo para qualquer coisa. E custa apenas £86 mil (R$238.450). Isso é pouco menos da metade do valor de uma Ferrari 458. A metade.


Eu estava tão apaixonado pelo GT3 que pensei em testar outros 911, e comecei com o GT3 RS. Com coletores de admissão e de escape diferentes, este produz 15 cavalos a mais, as rodas são mais largas, assim como a banda de rodagem, e pesa 25 quilos a menos também. Dá para remover outros 10 quilos se pedir por uma bateria de ion lítio que custa £1.268 (R$3.515), ao invés da bateria de chumbo ácido normal, mas não faria isso porque, a) você não notará a diferença e b) de novo, alguém, um dia irá perguntar o porquê disso.


Não gostei nem um pouco do RS. O GT3 tem uma suspensão boa. Este não tem. O GT3 tem um rádio e um GPS brilhante. Este não tem. O GT3 tem maçanetas. Este não tem. E, o pior de tudo, o GT3 pode andar na Grã-Bretanha, e este não pode.


Sério. Ele tem pneus que funcionam melhor acima dos 10º C. Isso significa, agora que sabemos que o aquecimento global é besteira, que eles não funcionam nem um pouco aqui. Fui dar uma volta com ele, na chuva e no começo de Maio, e por várias vezes, quase rodei. Um carro horrível. Feito para fãs de track-days. Ou como nós conhecemos eles: maçantes.


Então, experimentei um 911 Turbo conversível. E este era bem detestável pelas razões que Richard Hammond já explicou. O 911 tem que ser um carro esportivo. Com um turbo instalado, ele tenta virar algo que não é - um supercarro. Ele parece solto e instável.


Fonte: Top Gear (20/07/2010)
Tradução: John Flaherty

Toda Segunda-Feira, traremos artigos escritos por Jeremy Clarkson, falando sobre vários tópicos, quase todos sobre carros. Fiquem ligados.

8 comentários:

  1. "leis anti-fumo" Por falar nisso ele já parou de fumar?

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  2. uhsauhsuahsauh belo post john...

    eu gosto muito dos nine-elevens.... mas nao gosto tbm das variaçoes, tem muitas mesmo... carreira, carreira s, conversivel, conversivel turbo uhashusau

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  3. quem ja viu porshe 911 aqui ?????/ eu ja vi (umonte só q em uma loja)

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  4. Putz Jezza, você me ofendeu 2 vezes, 1° eu gosto do 911, 2° o Turbo S eo meu fave, assim ta dificil UHAUHAHUAUHAUH.Valeuz o texto Jonh, mas uma coisa eu concordo, realmente o 911 peca pelo excesso de versões, são realmentes muitas, não deveriam haver tantas.

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  5. Não gosto de porsche também. Mesmo depois de 50 anos, continuam exatamente iguais, com o motor no lugar errado! Hahaha.

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  6. Eu particularmente gosto do 911 mesmo com a posição de motor de Fusca e Kombi.hauuhauahauhauahuauaha.


    Mas na boa,ele é mais competente em algumas coisas que a Ferrari.

    Agora o Jeremy tem a mesma raiva do 911 que eu tenho do Logan 1.0.heheheheheh(me perdoe quem tem um).

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  7. Infelizmente não. Numa foto do especial India da pra ver ele "pitando"....

    Sobre o 911, é um carro maravilhoso, deve ser muito bom de pilotar. Sempre babo quando passo na frente da concessionaria Porsche (apesar de atualmente não ter nenhum 911 no showroom...)

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  8. Não gosto de Porsches também... o motor está no local errado e tem que ser o Vettel para conseguir acelerar com o carro!
    Prefiro algo mais prático e previsível, como uma Ferrari qualquer ou um GTR.

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