terça-feira, 4 de outubro de 2011

James fala sobre carros sem capota

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Me chame de antiquado, mas quando estou dirigindo um carro, eu gosto muito das sensações ao, bem, dirigir um carro.


Há um som infinitamente variável, obviamente, com o motor sendo configurado para produzir um longo glissando, o timbre dos pneus mudando com a superfície da estrada; as vibrações também, em lugares diferentes e com diferentes variações na aceleração. Tem a sensação de peso nos pedais, o peso do volante, o som da troca de marcha, e clique das setas. Tudo isto é muito cativante, e eu adoro. Então, em nenhum momento sinto a necessidade de enviar um email ou mexer no bluetooth.



Como meu versado amigo Horrell salientou há alguns meses, estamos sofrendo com uma abundância de funcionalidade indesejável nos carros. O seu estímulo é a eletrônica, que é tão brilhantemente capaz, compacta e barata que pode praticamente ser incluída em tudo.


De certo modo, isto é uma coisa boa. Houve um tempo quando as pessoas ficavam maravilhadas ao saberem que John Lennon tinha um toca-discos no seu Rolls-Royce, mas agora você é um tapado se não tiver o arquivo completo da Radio 2 no seu bolso. Isso é um avanço. Mas por outro lado, pelo menos a era eletro-mecânica freou a ostentação. A eletrônica fornece funções que estão lá simplesmente porque elas deveriam estar ali.


Controle de temperatura é um exemplo antigo da deterioração. Tudo bem que geralmente posso ver se estou com calor ou com frio; mas por que a temperatura pode ser alterada em meio grau? Simplesmente não creio que possa detectar isso. E por que existem tantos botões nos volantes? O volante já tem uma tarefa vital a fazer. É como fazer um cirurgião completar uma cruzadinha no meio de uma cirurgia.


Remova tudo isso, e você lembrará o que realmente é importante num carro. Carros com pouca tecnologia são muito revigorantes diante da desordem dos botões. É legal dirigir um carro básico manual com um volante simples e alguns botões do aquecimento no painel. Estas coisas são importantes. E vou assumir um risco e dizer que gosto de um pára-brisa.


Falando em assumir riscos, há algun tempo eu dirigi o Caterham R500, que não possui um pára-brisa do jeito que estou acostumado. Eu gostei deste carro, assim como minha companheira, embora ela tenha achado que a experiência foi arruinada pela necessidade de proteger-se junto ao assoalho dianteiro. Quem, em nome do bom Deus todo poderoso, pensou que, de todas as coisas que poderia ser retiradas de um carro para torná-lo mais leve, o pára-brisa deveria ser uma delas?


Quero dizer, vento no cabelo é ótimo. Assim como uma leve brisa na nuca, e assim como as mangas flutuando ao vento. Mas uma ventania a 160 km/h na cara, acentuada por pedrinhas e abelhas, simplesmente não é divertida.


Eu estive dirigindo o Ariel Atom. Eu gosto muito dele. Deve ser salientado que muitas coisas que definem um carro estão ausentes no Atom, incluindo a carroceria. Eu gosto muito disto também, porque posso observar a suspensão trabalhando e checar as soldas (que são excelentes) no chassi spaceframe.


Mas tendo removido tudo, incluindo o estofamento, a Ariel poderia ter diminuído um pouquinho a sua zelosa busca pela pureza e instalado um pára-brisa nele. Ele tem alguns pequenos triângulos de perspex, mas isso não me engana.


Lembrem, o "dashboard" (painel) recebeu esse nome por ser parecido com a porção curvada na frente de uma carruagem puxada por cavalos que protegia os ocupantes de pedriscos. O pára-brisa é simplesmente uma extensão transparente disso.


Mas o verdadeiro problema aqui é a aerodinâmica. O carro, apesar do seu desenvolvimento ter sido bombástico, levou cerca de 130 anos para progredir de um triciclo mono-cilíndrico para o Veyron. Os pára-brisas surgiram bem no começo, provavelmente quando Gottlieb Daimler foi atingido da fuça por esterco de cavalo.


Enquanto isso, a evolução humana levou milhões de anos, e sofre para diminuir a diferença. Minha cabeça foi projetada para viajar pelo ar a não mais do que 32 km/h, que era tudo que podia fazer até o fim do século 19.


Então, um pára-brisa não seria apenas mais agradável, ele na verdade melhoraria a performance do carro. Não adianta minimalizar brutalmente um carro em nome da alta velocidade e então botar minha cabeça, com suas orelhas não-aerodinâmicas e sobrancelhas não-laminadas, direto no turbilhão de vento. Sem considerar todo o resto, isso dói.


Falei sobre isso com o homem educado da Ariel. "Por que vocês não fazem um pára-brisa para ele?", eu perguntei.


"Nós fazemos", ele respondeu.


Eu levo.


Fonte: Top Gear (11/01/2011)
Tradução: John Flaherty

Toda Terça-Feira, traremos artigos escritos por James May, falando sobre vários tópicos, quase todos sobre carros. Fiquem ligados.

5 comentários:

  1. eu amo carro sem capota é uma otra sensação

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  2. Cara meu sonho é comprar um 206 CC mais eu tava conversando com o Jaislan ele disse que tem a fama de Gay o 206 disse que tinha o XR3, mais colé que eu vou largar o 206 com todo seu conforto por um escort ?

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  3. Pô, Escortão é mítico, cara... Não se recorda do Mamonas? "...Só porque ele é lindo, loiro e forte; Tem dinheiro e um Escort..."

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  4. Claro, ouço Mamonas até hoje, mas o Escort tem 2 problemas.

    1. É difícil de ser encontrado a versão conversível
    2. A Capota é de lona e em alguns casos entra água pela capota

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  5. po eu também gosto de carros mais antigos por isso cara, pra mim conforto é ter um banco confortavel, um painel e forros aconchegantes e comandos no lugar certo! o que mais vier não pode ser demais!quando vejo esses carros mais novos cheio de botões e comandos acho uma coisa muito poluida, caramba os caras querem colocar tudo de casa no carro, daqui a pouco até banheiro!
    outra coisa que me incomoda é um monte de coisa cromada no painel!!

    por causa do jeremy peguei tanta raiva das borboletas atras do volante! hauahauh ja não achava lá essas coisas, depois que ele criticou eu nunca mais quis isso!!!

    []s

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