terça-feira, 27 de setembro de 2011

James e o Caterham R500

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Passamos muito tempo no Top gear falando sobre velocidade, mas a maior parte é baboseira. Números como 290 km/h são muito legais, mas, no mundo real, velocidade é simplesmente a distância dividida pelo tempo, o que torna o Caterham R500 um carro bem lento.



Isso porque levei meia hora para entrar nele, e isso tem que ser incluído no número final. Fiquei de pé no assento, como sempre, estendi minha perna para frente, e minha jaqueta deslizou por sobre o apoio de cabeça, então parecia que eu a tinha vestido sem ter tirado o cabide. Então, eu saí do carro.


Desta vez, consegui entrar nele, mas agora sentei em cima do cinto, e como o assento do motorista é mais estreito do que eu, não conseguia alcançá-lo sem ter que sair de novo.


Tendo mais experiência agora, consegui entrar com as alças do cinto penduradas nas laterais, mas quando fui colocá-las, percebi que não as afrouxei o bastante, e não podia alcançar as argolas de ajuste porque elas estavam por baixo de mim. Então, eu saí.


Agora não consigo me lembrar porque tive que sair pela quarta vez, mas acho que tinha algo a ver com o volante. Quando finalmente estava dentro e com o cinto de segurança, notei que o volante pode ser removido, para facilitar a entrada no carro. Queria não ter notado isto, porque sempre sou tomado por uma vontade estranha de retirá-lo enquanto estou dirigingo, para ver se consigo colocá-lo de volta antes que eu me acidente.


Eu estava andando nele, e algo me acertou. Era uma pedra grande. O R500 não tem pára-brisa, mas não sei porque. Um pára-brisa não pode ser tão pesado, e apesar do pára-brisa de um Caterham ser apenas uma seção plana de uma janela descartada de uma casa, ele não pode fazer o carro andar tão devagar assim. Não mais do que minha cabeça, eu acho, julgando pela turbulência ao redor dos meus óculos Peter Fonda e da perda quase instantânea do meu chapéu.


Após alguns quilômetros - não me recordo quantos foram, porque estava preocupado em ver se não haviam pardais voando baixo e barras de andaime caindo das caçambas de caminhões - me ocorreu que provavelmente deveria dirigir o R500 com um capacete. Isso seria uma boa idéia, porque ele esconderia minha cabeça, pois enquanto Caterhams são, sem dúvida, muito divertidos, você não quer que ninguém veja você dentro de um. São como mulheres gordas e scooters*, se acreditarmos nessa terrível piada velha. Mas eu ainda me sentiria como um tapado, então segui em frente do jeito que estava, usando meu rosto como proteção.


O R500 é uma espécie de interpretação extrema de um carro já bem extremo. As engrenagens de dentes retos e a embreagem fazem um som parecido com alguém procurando por uma chave inglesa numa caixa de ferramentas. O banco concha parece ser, bem literalmente, um balde. Não há espaço para seus braços. E não tem um pára-brisa. Por algum motivo, os botões dos limpadores, dos lavadores e do aquecedor do vidro continuam no lugar, e eles dão risada de você enquanto dirige. Após 32 quilômetros, eles assumem proporções de pratos de jantar.


Não é um carro silencioso. Faz os barulhos mecânicos que seu carro faria se eles não fossem cinicamente abafados em nome de um suposto refinamento. Você é lembrado do que acontece embaixo a cada troca de marcha, então isto até que é educativo.


Então, o R500 realmente faz sentido, se você estiver querendo satisfazer alguma vontade pelo prazer palpável e visceral de dirigir e, para ser honesto, ele não é bom para muita coisa. A Caterham não perde tempo em lembrar o velho mantra de (Colin) Chapman, que potência o torna mais rápido nas retas, mas leveza o torna mais rápido em qualquer lugar. O R500 pesa quase o mesmo que uma Lotus de Fórmula 1 do fim dos anos 1970, o que pode ser expressado matematicamente como a raiz quadrada de nada.


Outras montadoras de supercarros ostentam terem feito um Superleggera ao remover os tapetes e os motores dos vidros elétricos, mas um Caterham é verdadeiramente nu. Ou melhor, ele não é, porque ele já não tinha nada disso desde o começo. Exceto o pára-brisa. Como este Caterham é muito leve e também é potente, ele é rápido em qualquer lugar.


Eventualmente, e para minha profunda agonia, tive de admitir que estava me divertindo. Isto claramente não daria certo, então voltei para casa, acordei a mulher e a coloquei no banco do passageiro. Ela acha o carro Z da Nissan "horrível" e acha que a Ferrari F430 é "ordinária". Ela achou o Caterham brilhante.


E ele é, e simplesmente porque ele é engraçado. De fato, este pode ser o único supercarro engraçado do mundo. Acho que quero um.


* Legal de se montar, contanto que ninguém descubra


Fonte: Top Gear (20/04/2009)
Tradução: John Flaherty


Toda Terça-Feira, traremos artigos escritos por James May, falando sobre vários tópicos, quase todos sobre carros. Fiquem ligados.

9 comentários:

  1. Muito bom o texto , mas, será qual é melhor, o Caterham r500 ou ariel atom 300? O que vcs acham?

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  2. Ariel Atom, com certeza! Principalmente se for o V8!

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  3. "Quando finalmente estava dentro e com o cinto de segurança, notei que o volante pode ser removido, para facilitar a entrada no carro. Queria não ter notado isto, porque sempre sou tomado por uma vontade estranha de retirá-lo enquanto estou dirigingo, para ver se consigo colocá-lo de volta antes que eu me acidente".

    haeuhuheuehaueauheauehaueahuah Isso é a cara do Jeremy! Confesso que também ficaria tentado em fazer o mesmo! hehe

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  4. O Atom v8 é bem melhor(Desempenho), mas eu preferia um kitcar do Caterham.

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  5. Em nenhum momento disse o contrário amigo. Só achei o trecho a cara do Jeremy, livre arbítrio, somente.

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  6. Ta muito bom o texto, porem o blog esta muito parado.
    Vocês poderiam traduzir também os filmes de clarkson, tais como "italian job" entre outros.
    Só uma sugestão que me ia ajudar muito :)
    Cumprimentos.

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  7. [...] em assumir riscos, há algun tempo eu dirigi o Caterham R500, que não possui um pára-brisa do jeito que estou acostumado. Eu gostei deste carro, assim como [...]

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