quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Richard Hammond, o encantador de cavalos


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Os cavalos, ao contrário das opiniões de um certo orangotango de 2.5 metros de altura que os espectadores do canal Dave conhecem como o apresentador do Top Gear, não são "lunáticos maliciosos e que têm medo de poças". Eles podem ser um tanto caprichosos e eles têm, diferente de nossos carros, uma mente própria. Mas é uma mente gentil e básica, mais preocupada em encontrar um belo pasto do que provocar políticos ou discutir com James May sobre quem comandava qual submarino na Segunda Guerra Mundial.

Sim, eles pisam na sua própria tigela de salada, e são conhecidos por defecarem no seu almoço do dia seguinte, e eles irão, às vezes, assustar-se com surgimento inesperado de um saquinho de salgadinhos. Mas são criaturas sociáveis que demoram para confiar em um estranho, uma dança antiga que comunica intenção, status e vontade, ao invés de confiar num sorriso bêbado do outro lado do bar.

Minha esposa recentemente adotou dois pôneis Dartmoor Hill. Eles são bem jovens e passaram dias encolhidos de medo num estábulo velho. Eu me encontrei com eles pela primeira vez nesta semana, com minha esposa me levando para as acomodações deles para as apresentações oficiais. E, rapaz, como é complicado. Tinha que ficar perto deles, mas nunca olhar diretamente para eles. Eles precisavam aproximar-se de mim quando quisessem e cheirar-me. Após várias horas, eu podia olhar para eles, mas NÃO NOS OLHOS. Eventualmente, quando convidado, pude respirar suavemente nas suas narinas. Após mais algum tempo, fui instruído para mover minha mão até eles, mas fui instruído bem claramente queh deveria fazer isso com meu punho fechado, já que uma mão aberta poderia ser confundida com a pata de um urso atacando eles, e poderia provocar um ataque de pânico. Eu disse, no momento, que não haviam ursos em Ross-on-Wye. No entanto, mantive meu punho fechado e, lápelo meio da tarde, podia acariciar seus pescoços.

É verdade que este tipo de introdução é tão entediante quanto tediosas festas com coquetéis, mas fiquei impressionado. Se um cavalo precisa de tudo isso apenas para conhecer alguém, eles devem ser companhias bem interessantes quando você realmente ficar amigo dele. Comecei a imaginar se a equitação pode ser para mim. Afinal, nunca tive que passar todo esse tempo para conhecer um carro.

Então, meu amigo Dave Cameron chegou com minha moto. Devo salientar que este Dave Cameron não é o Dave Cameron com a cara rechonchuda da TV. Este Dave é um amigo que é especialista em restaurar e manter veículos antigos. E a moto que ele trouxe é a minha Sunbeam 1927, que comprei há algum tempo num leilão. Este, então, seria meu primeiro passeio numa moto com 85 anos de idade, e foi o equivalente à apresentação equina pela qual passei mais cedo. Mas foi mais complicado. Em 1927, o motor a combustão interna era mais que uma novidade, era visto como algo genuinamente prático. Mas, cacetada, eu estava longe de começar o passeio.

Para começo de conversa, é preciso passar por um curso de dois anos da BTEC em engenharia mecânica, pois você precisa saber exatamente como ela funciona. O carburador não é uma coisa enorme, suas partes estão espalhadas por toda a moto. Encontre a bóia, e aperte o botão para enchê-la com combustível. Não coloque muito, senão irá afogá-la e ela não ligará. Espere até que a junção na metade do corpo da válvula deslizante esteja molhada - não faz parte do projeto, é apenas uma junção com defeito, mas é bem útil. Retarde a ignição - a alavanca é uma das seis ou sete no guidom - senão ela ligará no momento errado, e o arranque irá catapultá-lo através do teto da garagem. Feche o afogador, acione-a, xingue e repita. Não tem ignição para ligá-la ou desligá-la, acelera até 96 km/h, mas não tem velocímetro para mostrar a velocidade. Praticamente não tem freios, então planeje bem. Você liga as luzes com um fósforo. Quando estiver em movimento, é essencial que você avance a ignição quando o motor estiver quente - de novo, nada de mostrador para ajudá-lo. Troca-se de marcha com uma alavanca à direita do tanque. A embreagem fica no guidom esquerdo. Tire sua mão direita do acelerador, e o motor morrerá, então use sua mão esquerda para trocar de marcha sem a embreagem combinando a velocidade do motor com a da estrada. Ponto essencial: é um sistema de lubrificação por perda total, uma bomba mecânica na ponta do virabrequim puxa o óleo do tanque. Veja pelo visor junto do seu pé direito se o óleo está pingando para dentro da câmara. Ele deve ser checado a cada 8 quilômetros; não há hodômetro. Se o motor esquentar demais, use um êmbolo no topo do tanque de combustível para mandar mais óleo para o virabrequim. Se não fizer isso, o motor será destruído. Não há medidor de temperatura para mostrar quando o motor está quente. Você tem que fazer tudo isso enquanto anda numa moto.

É mais fácil ganhar a confiança de um cavalo.

Fonte: Top Gear Magazine (Janeiro de 2012)
Tradução: John Flaherty

4 comentários:

  1. Tem que ter muita paixão por motos pra conseguir andar nela mesmo, só o Hammond. Tá loco! oO

    "Feche o afogador, acione-a, xingue e repita." HAUHAUHAUHAUHAUAHUAHAU

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  2. achava q ele nem andava de cavalo :|

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  3. Tenso hehe, olha a encrenca que o Hammond conseguiu hehe:

    http://motorbike-search-engine.co.uk/classic_bikes/sunbeam_5.jpg

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  4. Marcelo Alves Pacheco26 de fev. de 2012, 16:00:00

    Apesar de ser uma comparação distante, me senti um pouco transplantado para o meu Ford Maverick - bem mais jovem - apenas trinta e poucos anos. A sensação de lidar com uma máquina em que você é o responsável por todo seu funcionamento é algo de que estamos nos afastando rapidamente. Quantas pessoas não ficam espantadas quando, no carro, percebem que o acionamento dos vidros é manual, assim como as travas, retrovisores e ajustes de todo o tipo. Que a sensibilidade exigida pelo pedal do acelerador para uma partida imediata e sem engasgos possui tanta importância quanto o senso de tamanho para estacioná-lo em uma vaga pequena, olhando por seus minúsculos retrovisores e pela precária janela traseira. A sensação de estar realmente no comando é parte do prazer de pilotar, com certeza!

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